Eduardo Cunha
diz que "homofobia já é criminalizada" e diz que pautas progressistas
terão de seguir rito da Câmara

O presidente da Câmara dos Deputados, deputado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tentou diminuir o tom crítico contra pautas
progressistas que possam surgir durante o ano na Casa. Em entrevista ao jornal
Folha de S. Paulo nesta terça-feira (3), o parlamentar afirmou que “temas
polêmicos” como o casamento gay e o aborto terão de seguir os ritos para serem
analisados.
“Se quiser pautar um projeto, tem a ordem das
pautas. Os projetos de lei têm que ter urgência para ser votada, assinada pela
maioria dos líderes e 257 deputados a favor da urgência em plenário. Só aí você
pode discutir a pauta e não existe nada na pauta nessa situação. Uma coisa é
princípio. Princípio é óbvio que sou contra, tenho minha posição, mas aqui eu
tenho que cumprir a pauta”, disse ao jornal.
Questionado sobre a criminalização da homofobia,
defendida pela presidente Dilma Rousseff e por movimentos de direitos humanos,
Cunha afirmou que “a homofobia já é criminalizada”, citando um projeto de 2006,
já derrubado pelos parlamentares. “Não havia contestação (ao projeto), era
preservar o direito de culto. Aquele projeto de lei impedia os cultos”.
Para a bancada evangélica, formada por alguns
pastores, seria crime criticar a classe LGBT, caso a criminalização da
homofobia se tornasse lei no Brasil. Com uma Câmara mais conservadora pelos
próximos quatro anos, projetos que defendam minorias tendem a sofrer para
passar ou serem sequer analisados pela Casa. Parlamentares progressistas já
demonstraram isso em postagens em suas redes sociais.
Na entrevista à Folha, Cunha ainda disse que a sua
presidência não irá aceitar a criação de novos partidos – em uma clara alusão
ao projeto do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (PSD), em refundar o
Partido Liberal (PL), que reuniria toda a base governista –, que o governo
federal errou em tentar influenciar a sua eleição para comandar a Casa, e que
não teme ser citado na denúncia do Ministério Público Federal (MPF) com base na
Operação Lava Jato.
Para o deputado fluminense, prioridade mesmo é a
reforma política, a qual ele espera ver votada até setembro deste ano. Ele
voltou a falar em “independência e representatividade” do Legislativo logo no
seu discurso de abertura da 55ª legislatura da Câmara, e acredita que outro
tema importante é o pacto federativo. ”De nada adianta tratar de divisão de
tributos, sem falar da parte que cabe a cada Estado e Município nesse bolo”,
completou.
Fonte: Brasil Post
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