No RH da empresa, funcionário teria sido humilhado
Contratado pelo terminal por meio do acordo de vinculação parcial da categoria, firmado com o Sindicato dos Estivadores no final de 2013, Donizete foi desligado menos de 30 dias após a admissão. “Me disseram que a empresa não aceitaria minha conduta, porque isso poderia contaminar outros trabalhadores”.
Após 23 anos trabalhando como estivador avulso, Donizete diz ter visto a oportunidade de melhorar sua condição de vida ao ser contratado, em regime de CLT, pela Santos Brasil, no último mês de março.
Para tanto, teve de encarar um processo seletivo de dois meses, que incluía exames de aptidão, testes de escolaridade e entrevista com representantes da empresa portuária.
O estivador teve pouco tempo para celebrar essa conquista. Passados 15 dias de trabalho, ele foi chamado ao setor de RH.
“Pediram para preencher os dados do plano de saúde e da apólice de seguros. Eu coloquei o Maycon como meu dependente. A partir daí, passei a ser alvo de preconceito”, relata ele, que foi impedido de indicar o companheiro (com que tem união estável há mais 15 anos, sendo há 6 oficialmente). “Disseram que eu poderia colocar até um cachorro, mas jamais outro homem”.
Donizete, porém, argumentou que ele e Maycon já declaram Imposto de Renda juntos e também dividem outros benefícios do gênero. A questão acabou sendo deixada de lado por cinco dias.
Quando o chamaram novamente ao RH, ele conta que, mais uma vez, foi pressionado a ignorar o companheiro na apólice e no plano de saúde. “Foi dito claramente que a empresa não aceitaria esse tipo de conduta. E que estiva não era lugar de bicha”.
Ainda assim, Donizete manteve sua posição, convencido da legalidade de seu pedido e também esperançoso de que a empresa revisse a posição.
Na madrugada do último dia 15, quando trabalhava em um navio atracado no terminal, Donizete diz ter sido abordado por dois seguranças e conduzido, pela terceira vez, ao setor de RH da empresa.
“Dessa vez, fui humilhado não só pelo pessoal do RH, como também pelos seguranças, que me obrigaram a assinar minha demissão e ainda me insultaram, perguntando se eu não tinha vergonha na cara; falando que eu era uma decepção''.
Com a ajuda do Sindicato dos Estivadores, ele promete levar o caso à Justiça do Trabalho na próxima semana.
Donizete promete levar o caso de à Justiça do Trabalho na próxima semana; empresa nega episódio
Por meio de nota oficial, a Santos Brasil refutou a acusação de que a demissão esteja ligada à opção sexual do ex-funcionário.
A empresa disse repudiar qualquer acusação de homofobia e informa que possui em seu quadro de empregados profissionais com relacionamentos homoafetivos, cujos companheiros estão incluídos como dependentes em plano de saúde e outros benefícios sociais.
A Santos Brasil salienta que sempre teve seus negócios pautados por uma conduta ética inspirada na valorização do indivíduo e respeito à diversidade. Desde 2012, a empresa conta com um Código de Conduta que determina o respeito e cordialidade nas relações. Contudo, não informou o motivo da demissão do funcionário.
FONTE: A TRIBUNA
Nenhum comentário:
Postar um comentário