
Aos 40 anos de idade, Renata Tenório preferiu seguir o conselho da mãe pela primeira vez na vida
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Cinco dias depois de uma decisão inédita do Tribunal
Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) permitir que a transexual
Renata Guedes Neto concorresse na cota feminina do PSB a uma vaga para
deputada estadual, o telefone da produtora cultural e atriz tocou na
manhã desta quarta-feira. Era sua mãe, com um pedido para a filha
desistir de sua candidatura à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
"Meus pais sempre foram contra essa minha candidatura", disse ela, em entrevista ao Terra,
confirmando a informação de que, a exemplo do que já fez o deputado
federal Rodrigo Bethlem, irá solicitar ao TRE-RJ que sua candidatura não
seja mais homologada. "Ela tem muito receio de que eu vire motivo de
chacota", complementou.
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Aos 40 anos de idade, e há um ano filiada ao PSB, Renata
Tenório, o nome que ela escolheu para a sua candidatura, preferiu
seguir o conselho da mãe pela primeira vez na vida. "É um cuidado que
minha família quer que eu tenha", explicou."Não quero que minha mãe
passe mal com algumas notícias, não vai ser legal para a saúde dela.
Minha vó não está com saúde boa. Então, prefiro esperar", afirmou,
dizendo que passará os próximos dois anos estudando para tentar, com uma
candidatura mais madura, uma vaga para vereadora do Rio em 2016.
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"Se
dentro do meu partido isso (preconceito) já acontece, imagina meus
opositores", relatou ainda com exclusividade Renata. Ela contou que
algumas deputadas do partido repercutiram negativamente a desistência
dela após ela divulgar em sua página no Facebook. Simplesmente pelo fato
de que "algumas candidatas a deputada comentaram que o partido fez tudo
por mim e agora eu largo mão. Não é bem assim. É uma decisão pessoal,
não tem nada a ver com o partido, do qual eu continuo filiada".
O partido não me fez favor. O meu gênero que foi
exposto mais uma vez. E eu nunca me pronunciei para isso. Eu não dependo
de bater no ombro para ser eleita", completou ainda. Natural de Recife,
capital pernambucana, a produtora cultural está no Rio de Janeiro há 20
anos e escolheu os socialistas justamente por sua identificação com Eduardo Campos, governador e patrono da legenda.Mas após passar quatro anos em São Paulo, "onde me
prostituí, usei drogas e fiquei quatro anos sem falar com os meus pais",
ela resolveu seguir o pedido de alguém que quer preservar a imagem da
filha, destaque no noticiário geral da última sexta-feira após a decisão
inédita de inserir a trans na cota feminina do PSB."Eu nunca segui os conselhos da minha mãe. E esse é o
primeiro que eu tenho que seguir. Todas as vezes que eu não segui os
conselhos da minha mãe eu me ferrei", disse, citando o período difícil
que passou na capital paulista. "Ela já pressentia em outras situações
da minha vida. Minha mãe é uma pessoa muito experiente. Ela quer a
'síndrome da Ana Paula Arósio' para mim", brincou, sobre o fato da atriz
ter optado por um período de reclusão. "Imagina, eu sofro preconceito
até de gays e lésbicas, imagina o resto."Saiba aisDois anos após fazer a cirurgia de mudança de sexo, "mas
sempre fui criada como menina, os meninos me tiravam para dançar", ela
se orgulha do fato de que "eu não dependo de macho nenhum, são os meus
pais que me ajudam". E ainda critica o fato de que Romário, candidato a
senador pelo PSB, e Marina Silva, vice de Eduardo Campos na chapa
socialista, sequer terem comentado a notícia na última sexta-feira.
"Romário é que nem caviar, nunca vi, só ouvi falar." "Resumindo, não
quero ser mais um Kléber Bam Bam, ou Diego Alemão", finalizou, sobre os
ex-BBBs que tentaram se eleger a cargos públicos. "Sou mais eu."

"Não quero ser mais um Kléber Bam Bam, ou Diego Alemão", resumiu,
sobre os ex-BBBs que tentaram se eleger a cargos públicos. "Sou mais eu"
Foto: Daniel Ramalho / Terra
Renata
Tenório ainda não comunicou oficialmente o partido de sua desistência.
"Vou falar primeiro com meu advogado", explicou. Consultado pelo Terra,
o TRE-RJ disse em nota que "a cota de gênero é analisada no julgamento
dos Demonstrativos de Regularidade dos Atos Partidários (DRAP), como
ocorreu no dia 1ª com o PSB. Os candidatos têm o direito de desistir da
candidatura e, por isso, não há, em tese, consequência deste ato na
aprovação do Drap".
Desta forma, a candidatura de Renata, que ajudou o
partido a cumprir a cota de 30% de mulheres na disputa por cargos, não
sofre qualquer tipo de problema. O PSB-RJ também foi consultado pela
reportagem e disse também em nota que "sempre deu total apoio a
candidatura", e que ainda não foi comunicado sobre a desistência da
transexual. E que irá consultar o diretório a fim de saber se os
socialistas do Rio irão repor a vaga ou ter qualquer tipo de problema
com essa desistência.
FONTE:TERRA
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