Durou sete dias a resolução que permitia travestis e transexuais ocuparem as enfermarias conforme a identidade de gênero
Rio - A Prefeitura do Rio, por
meio da Secretaria Municipal de Saúde, voltou atrás na decisão de
conceder o direito a travestis e mulheres transexuais ocuparem as alas
femininas e homens
transexuais as alas masculinas nas unidades de saúde do Município. A
resolução inicial havia sido comemorada por entidades ligadas aos
direitos LGBTs. Com a revogação, caberá às equipes médicas decidir onde
instalar os pacientes. Na última segunda-feira, o pastor Silas Malafaia
agradeceu ao prefeito Eduardo Paes por revogar a medida.
O secretário municipal Saúde, Daniel Soranz, comentou em poucas palavras a nova
decisão tomada no dia 9, apenas sete dias depois da anterior. " Cabe
aos médicos decidirem o melhor lugar onde as pessoas devam ser
instaladas nas unidades de saúde do Rio. A resolução apenas estabelece o
que deve ser feito corretamente.", disse. Quando questionado o motivo
da nova resolução o secretário foi ainda mais sintético: "Tomamos a
decisão por critérios técnicos".

Secretário revogou medida apenas sete dias após colocá-la em pratica. Motivo: "Critérios técnicos"
Foto: José Pedro Monteiro / Agência O Dia
Em vídeo no Youtube, o pastor
Silas Malafaia, que anteriormente havia criticado a medida que
possibilitava a internação conforme a identidade de gênero, elogiou o
prefeito Eduardo Paes pelo recuo. "Essa resolução esdrúxula, estúpida,
inconsequente não é dar direito, é dar privilégio a um grupo. Quer fazer
uma enfermaria para travesti, para transexual? Eu não tenho nada
contra, é problema de cada governo. Agora, infligir as mulheres a isso?
Isso era uma afronta, uma vergonha. Parabéns ao prefeito Eduardo Paes.
Parabéns pela sensatez", disse o líder do ministério Vitória em Cristo
da Assembleia de Deus.
Vídeo: Malafaia parabeniza Eduardo Paes por revogar medida
O coordenador do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade no Rio, Patrick Lima, lamentou a decisão da Secretaria Municipal de Saúde. "A nossa pauta é sempre ignorada e, quando é contemplada, uma força maior aparece e consegue derrubar um direito duramente conquistado. Ninguém luta pela gente a não ser a gente mesmo. Como sempre, a demanda religiosa é considerada maior que a demanda da população", disse o homem transexual de 24 anos.
A ativista transexual Bárbara Aires, membro do Comitê Municipal LGBT, também criticou a decisão da prefeitura. "É um retrocesso sem tamanho. É um absurdo. Você vê que a política pública é pautada pela religião ou por interesses políticos. Mais uma vez mulheres transexuais, homens transexuais e travestis ficam em último plano, não merecem o atendimento adequado, não tem direito à saúde. É um sentimento de desamparo", disse ela.

"A política pública é pautada pela religião ou por interesses políticos", desabafou a ativista transexual Bárbara Aires
Foto: Alexandre Brum / Agência O Dia
"A gente fica à mercê da boa vontade e
da religião do médico que nos atender. Se o médico é contra a pessoa
trans, se ele acha que você não é mulher porque Deus fez você assim,
você é obrigada a ser atendida conforme a religião dele. Você para na
ala com homens porque as pessoas não entendem, porque as pessoas não
aceitam ou porque as pessoas acham que você não deveria existir. É
triste", desabafou .
Outra medida - da Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social - que garante a travestis e pessoas
transexuais em situação de rua acolhimento nos abrigos tendo respeitada a
identidade de gênero foi mantida pela Prefeitura.
fonte:ig
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