
O trabalho "Eu te desafio a me amar" poderá ser visitado a partir desta quarta-feira no Museu da República, em Brasília
Os casos de violência e discriminação de gênero e orientação sexual trouxeram a fotógrafa Diana Blok
ao Brasil. Nascida no Uruguai e radicada na Holanda, Blok chegou a
terras brasileiras em setembro do ano passado com a missão de retratar a
nobreza daqueles que “escolhem vias diferentes do padrão normal”.
Passaram pelas lentes da fotógrafa anônimos e famosos, como o cantor Ney Matogrosso e a cantora Ellen Oléria.
No Rio de Janeiro, a exposição passou pelo
Complexo de Favelas da Maré e, a partir do dia 17 de maio, poderá ser
visitada na sede da Anistia Internacional, em Laranjeiras. A programação
está disponível no site da fotógrafa.
“Busco expressar o valor humano das pessoas. Para
mim, é importante a nobreza dentro de cada ser humano. Entre nós, há uma
diversidade incrível. Há muita gente linda, que vive com muito amor e
respeito às coisas essenciais”, diz a Diana. “O Brasil tem índices
altíssimos de homofobia. Quero conseguir pela arte, mostrar e
transformar esse cenário”, destacou. A jornada da fotógrafa em defesa
das minorias começou no início da carreira. “São pessoas com muita
coragem de vida. Travestis e trans têm muita coragem”, diz.
A
exposição de Diana faz parte da agenda do mês internacional contra a
homofobia. O dia internacional é no próximo sábado (17). No país, o
projeto está sob responsabilidade do Instituto de Estudos
Socioeconômicos, uma organização não governamental, sem fins lucrativos,
que atua na promoção dos direitos humanos no Brasil e no mundo.
“
São pessoas com muita coragem de vida. Travestis e trans têm muita coragem (Diana Blok)
Este ano, a luta contra a homofobia foi tema da 18ª
Parada do Orgulho LGBT em São Paulo, um dos maiores eventos em prol da
diversidade sexual do mundo. Em 2013, segundo o Grupo Gay da Bahia,
foram contabilizados 312 assassinatos, mortes e suicídios de gays,
travestis, lésbicas e transexuais brasileiros vítimas de homofobia e
transfobia. Estão incluídas a morte de uma transexual brasileira no
Reino Unido e um gay morto na Espanha. A média é que ocorra uma morte a
cada 28 horas.
Um contador disponível na página do
grupo, mostrava que, até a última terça-feira (13), foram documentados
131 homicídios no Brasil. Além disso, o Grupo Gay da Bahia estima que
44% de todos os casos de homofobia letal no mundo, ocorridos em 2012,
ocorreram no Brasil.

'Entre nós, há uma diversidade incrível. Há muita gente linda', diz a fotografa
“A homofobia, além de se constituir uma cultura,
vem ganhando ares de palco eleitoral de políticos oportunistas, que
alimentam o ódio de um setor que não respeita as liberdades individuais e
acredita ter o direito de ditar comportamentos baseados em seus
próprios códigos de conduta. Entram aí o fundamentalistas religiosos, os
remanescentes nazistas e reacionários de toda sorte”, analisa o
deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), conhecido por defender a causa LGBT na Câmara dos Deputados.
Para
ele, a questão da homofobia assemelha-se ao racismo. “Décadas depois da
criminalização do racismo, a sociedade não está preparada para casos de
racismo porque ela não se enxerga como racista”. Segundo levantamento
feito pela equipe do deputado, há cerca de 40 projetos em tramitação que
tratam do tema. No Senado, está o Projeto de Lei 122 de 2006, que
tipifica a homofobia como crime, uma das principais bandeiras da parada
gay paulista.
Há também projetos que, na opinião de ativistas,
incentivam a homofobia, como o recentemente reapresentado Projeto de
Decreto Legislativo nº 1.457, de 2014, que susta os efeitos da Resolução
nº 1, de 22 de março de 1999, do Conselho Federal de Psicologia, que
estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da
orientação sexual, projeto que no ano passado foi apelidado de cura gay.FONTE:IGAY
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