Realizada
pela consultoria Out Now, pesquisa mostra que nos EUA a população LGBT está
longe de ser respeitada no ambiente corporativo

Muito se discutiu
nesta semana sobre a importância
(ou não) de o CEO da Apple, Tim Cook, ter saído do armário. Mas um
relatório mundial que mede o valor do respeito à diversidade no local de
trabalho mostra que esse tipo de atitude pode contribuir muito para que
atitudes tidas corriqueiras, mas que se revelam extremamente homofóbicas, parem
de existir no ambiente corporativo.
O texto abaixo foi
traduzido e adaptado do canal Gay Voices do
Huffington Post.
Chamado
de “LGBT Diversity: Show Me the Business Case“, o relatório mede
o valor da diversidade no local de trabalho em termos de dólares e revela que
as empresas que se preocupam em investir recursos para tornar os
locais de trabalho mais acolhedores e confortáveis para lésbicas,
gays, bissexuais e transgêneros podem aumentar sua produtividade ao reduzir as
demissões de funcionários LGBT que se sentem desconfortáveis. As empresas têm cada vez mais visto isso de forma negativa, pois o custo
para substituir trabalhadores é grande. No Reino Unido este é um
grande problema assim como nos EUA. Como no Brasil não somos nem
cidadãos direito, acredito que há muitos casos também.
Não é um “estilo
de vida”; É uma vida
Nos Estados Unidos,
por exemplo, o estudo constatou que 9% dos que responderam ao
questionário informou que a eles foram recusados bens ou serviços nos últimos 12 meses apenas porque foram
percebidos como LGBTs.
Quase um em
cada oito (12%) relatou ter sido assediado por um vizinho, enquanto 7% relataram
violência física. Quatro em cada 10 entrevistados foram agredidos
verbalmente pelo menos uma vez no ano passado por serem LGBTs.
E um em cada
seis entrevistados (16%) foi assediado no trabalho. Para colocar
isso em perspectiva, os EUA são o lar demais de 15 milhões de pessoas LGBT, com mais
de 10 milhões de pessoas que estão trabalhando em tempo
integral. Pela pesquisa, isso totaliza quase 2,5 milhões de americanos
LGBT sendo assediados no ambiente de trabalho só no
ano passado.
Este tipo de
agressão tem reduzido o número de pessoas que consideram que podem sair do
armário. Segundo a consultoria de marketing Out Now,
que conduziu os estudos, houve uma queda de 38% neste número.
E quando olhamos
para alguns dos insultos que estão sendo feitos nos locais
de trabalho nos EUA, listados abaixo, começamos a entender por
que esse número tenha caído tanto. Foram deixados de fora
da lista inúmeros exemplos de pessoas relatando o que eles
viam como brincadeira “normal” no local de trabalho, como “isso
é tão gay“. Foram listadas apenas dez das centenas de comentários
feitos à pesquisa pelos entrevistados norte-americanos, que
optaram por escrever - em suas próprias palavras - o que está
acontecendo em seus locais de trabalho.
·
“Eu não posso colocar a sua esposa como
dependente do seu plano de saúde porque o seu casamento não é ‘real’“
·
“É apenas uma escolha, e eu não apoio a
sua escolha porque não é natural. Basta ser hétero como o resto de
nós“
·
“Você não é raivosa o suficiente para ser uma
lésbica: você não é como a outra menina que trabalha aqui“
·
“Eu gostaria apenas de reunir as pessoas como
você e matá-los todos, ou torturá-los, só para rir da
sua cara”
·
“Pessoas como você não podem ser um
cristãos, você é um pecador, mas eu te amo, apesar de suas
escolhas“
·
“Agora você e a outra bicha podem
colocar os seus namorados nos planos de saúde, assim quando você
tiver aids, todos vocês estarão cobertos“
·
“Eu não gosto daquele tipo de gente com preferências
sexuais ‘assustadoras'”
·
“Por favor, eu não quero ouvir os
detalhes de seu estilo de vida“
·
“Esse paciente é gay e HIV +,
por que não ele está em algum tipo de isolamento?”
·
“Você vai queimar nos portões do inferno por
ser gay“
Trabalho duro e
religião
O relatório mostra
ainda que apenas 18% dos trabalhadores LGBT nos EUA concorda
com a afirmação: “Este é um ambiente de trabalho totalmente
livre de homofobia”.
E mostra ainda que
uma das principais diferenças entre as amostras do Reino Unido e
dos EUA na pesquisa é a maior menção de fator religioso entre
os entrevistados americanos. Darren Cooper, consultor
sênior da Out Now, que tem sede em Londres, disse que os novos
resultados dos Estados Unidos surpreenderam.
“No Reino Unido,
consideramos que a religião não tem lugar prático no
trabalho“, diz Cooper. “Estas últimas descobertas do nosso
estudo para os EUA mostram uma situação muito diferente para
o Reino Unido. Nos EUA as pessoas se sentem muito
menos capazes de interagir com todos os seus colegas de
trabalho, são mais propensas a testemunhar em observações anti-LGBT no
trabalho e , preocupantemente, têm a pressão adicional
de colegas usando a religião para justificar suas observações
insultantes. Muitos destes tipos de observações causariam clamor se acontecessem
em um local de trabalho do Reino Unido.”
Cooper cita apenas
um exemplo da observação curta, mas poderosa feita a uma
entrevistada lésbica: “Estou orando por você.” “Esse
comentário é extremamente carregado de preconceito, uma vez que
sugere que a pessoa que o proferiu é uma ‘boa’ pessoa
e que a pessoa que ouviu é ‘má’ ou ‘errada’ de alguma
maneira. Estes resultados mostram que há uma enorme quantidade
de trabalho a se fazer a este respeito.”
As boas notícias
Nem tudo são
más notícias, no entanto. Felizmente, alguns entrevistados - uma
pequena minoria, deve-se admitir - fez comentários positivos sobre seus
locais de trabalho. Eis algumas observações:
·
“Nossa gerente geral em treinamento é
uma mulher lésbica orgulhosa e temos muitos, muitos colegas
de trabalho LGBTs que são absolutamente aceitos, inclusive eu. Eu não
sei sobre outros locais em minha empresa, mas eu sei que no
meu setor eu sou um membro da família.“
·
“Eu trabalho para o Bank of America há
18 anos, eles são ótimos sobre este tema.“
·
“Todos na empresa em que trabalho têm
como filosofia ‘viva e deixe viver’.“
·
“Geralmente são os novos funcionários que não
sabem o que pensar sobre mim. Mas em geral eles se
aproximam.“
·
“Um membro da equipe que é bissexual (mas
não assumida) do meu trabalho recentemente foi intimidado por seus
colegas. Eu, como supervisor, abri um processo de
investigação e a equipe infratora será disciplinada, se não demitida.”
·
“Dos 60 funcionários que trabalham para a
minha organização, 20 se identificam como LGBT. Posso
dizer com certeza que não há um traço homofóbico nesta
organização.”
Mesmo assim, em 29
Estados americanos, uma pessoa pode legalmente ser demitida por ser LGBT.
Fonte: Lado Bi
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