
FONTE: HIPENESS
Visibilidade.
Quando um assunto é debatido, analisado e percebido a partir de
diversos ângulos, é muito mais fácil compreendê-lo. A discussão sobre o
movimento LGBT está bem mais frequente nos últimos anos
e a causa tem conquistado apoio de partes relevantes na política
ocidental. Contudo, embora muito se fale sobre gays, lésbicas e
bissexuais, o “T” parece ficar em segundo plano. Entender a transgenitalidade
é um passo importante para respeitar essas pessoas, que na maioria das
vezes vivem à margem. E para isso, visibilidade é fundamental.
A fotógrafa norte-americana Jess T. Dugan
tomou uma iniciativa importante ao escolher criar uma série de retratos
e entrevistas com transexuais. E foi além: em uma sociedade que cultua a
juventude, Jess decidiu manter seu foco em pessoas transgêneras com
mais de 50 anos. O projeto, intitulado “To Survive on This Shore” (“Sobreviver nesta Costa”, em português), foi desenvolvido em parceria com Vanesa Fabbre, professora na área de assistência social na Washington University, que desenvolveu uma tese sobre o assunto, e que é parceira de Jess.
Estima-se que cerca da metade da população de pessoas transgêneras dos Estados Unidos tenham mais de 50 anos,
mas elas não têm visibilidade. Com retratos poderosos e entrevistas
tocantes, esta série faz um incrível trabalho ao compartilhar a vida,
sonhos e lutas dessas pessoas. “Eu queria fazer retratos de pessoas
transgêneras e com variação de gênero mais velhas, um grupo que
raramente é visto, a fim de compartilhar suas histórias e estimular o
diálogo e a compreensão“, afirmou a fotógrafa em entrevista ao Fusion.
As pessoas que participam do projeto vêm de variados backgrounds
sociais e, nos retratos, todas mantêm o olhar fixo na câmera. Segundo
Jess, esta é uma forma de proporcionar uma interação maior e mais
significativa entre o retrato e quem o enxerga. Nas entrevistas surgem
histórias incríveis, como a de Bobbi, de 83 anos. “Eu
era o ‘avô’ ou como você quiser chamar, do programa de drones. Quer
dizer, eu joguei golf com presidentes, com Jerry Ford e com certeza eu
me encontrei com o Bush pai, Bush filho e Reagan algumas vezes. Eu já
estive na Casa Branca. Eu já andei pelo Pentágono, em todos os andares. E
eu também já trabalhei extensivamente na CIA“, conta.
Outros participantes do projeto falam
sobre sua relação com a transgenitalidade, trazem casos de preconceito e
intolerância e surpreendem pela coragem. “Nos anos 60 eles me
chamavam de ‘menininha’, nos anos 70, me chamavam de ‘bicha’. Nos anos
80 eu era uma rainha, ou eles me chamavam de rainha. Nos anos 90 eu era
transgênera. Nos anos 2000, eu era uma mulher e agora eu sou apenas
Grace“, afirmou uma das participantes. As entrevistas, em inglês, estão disponíveis no site do projeto.
Confira alguns dos poderosos retratos da série:
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