O primeiro encontro marcado por aplicativo sempre causa apreensão. Alguns indícios podem te ajudar a não se dar mal
Atire a primeira pedra quem nunca teve curiosidade de usar os aplicativos de encontro no celular. Ninguém se moveu, certo? Tinder, Grindr, Hornet ou Brenda, os apps já se estabeleceram como uma maneira eficaz de conhecer pessoas que estão nas proximidades - para um encontro romântico, sexo casual ou apenas amizade. Mas a facilidade também pode se reverter em cilada quando chega o momento de sair do aconchego da sua casa para conhecer pessoalmente aquela pessoa que parecia tão interessante no mundo virtual.
Quando começou a bater papo com um garoto por um aplicativo, Renan Lira, de 18 anos, não enxergou nenhum sinal de que ele poderia não ser tão legal ao vivo. Continuou investindo na conversa até combinarem de se encontrar pessoalmente na Avenida Paulista, em São Paulo. Chegando lá, decepção: seu pretendente estava mais interessado em fazer piadas de mau gosto com as pessoas ao redor do que em conhecê-lo.
Não deu outra: fiquei tão broxado, mas tão broxado, que nem sequer tive paciência de continuar o encontro. Falei que ia ao banheiro do jeito mais hollywoodiano possível e vazei. Deixei ele lá acompanhado por toda a sua arrogância e superioridade", lembra o monitor de um instituto de pesquisas. "Assim que fugi de onde estávamos, eu simplesmente bloqueei ele de tudo e cortei qualquer vínculo."

Elvys Pereira -22 anos
Melhor que pessoalmente
Renan começou a usar aplicativos há aproximadamente seis meses, e mesmo depois desse encontro furado ele ainda acredita que há vantagens em utilizar o recurso. "Quando você conhece alguém virtualmente, já tem toda uma visão da pessoa, tem uma conclusão sobre ela. Conhecer pessoalmente não dá a chance de nenhum contato prévio", opina.
Além disso, o aplicativo também é uma boa opção para quem mora em cidades pequenas, com poucas opções de lazer para LGBTs, ou então para os mais caseiros, como é o caso do estudante Elvys Pereira, de 22 anos, morador de Maceió (AL).
Vindo de uma família de evangélicos, ele não teve muitas oportunidades de sair e se divertir quando se assumiu homossexual, há cerca de três anos. A solução para iniciar o contato com outros garotos gays foi apelar para os aplicativos de encontro. "São ferramentas, sabe? Tem casos de sucesso e de prejuízo. Depende de como se usa e de sorte", comenta o estudante, que se considera do time dos "mal - afortunados".
Em uma das tentativas mais frustradas, ele marcou de se encontrar com um garoto em uma praça no campus da faculdade. Chegando lá, esperava sentado em um dos bancos quando reconheceu, em outro banco um pouco mais afastado, o garoto com quem iria se encontrar, conversando com outra pessoa.
“Eu mandei uma mensagem [para dizer que estava ali]. Ele pegou o celular, leu, guardou e nada. Comecei a ficar nervoso e mandei outra mensagem. Ele pegou o celular de novo, leu e deixou pra lá. Eu fiquei super irritado”, lembra Elvys, que desistiu de esperar e foi embora. “Ele nunca mais falou comigo. Não sei o que aconteceu, ele nunca explicou, mas achei incrivelmente rude”.
Eu fiquei assustado”
Ninguém vai a um primeiro encontro esperando que seja frustrante, mas mesmo que seja, acaba virando história para contar na roda de amigos e dar risada. No entanto, antes de se aventurar combinando de ver pessoalmente cada um dos perfis do Grindr é preciso sempre tomar algumas medidas de segurança – e a principal delas é a de não marcar encontros em lugares desertos.
Quando Matheus, de 22 anos, visitava seus pais em Ribeirão Preto, interior de SP, começou a conversar com um cara no Grindr. Eles trocaram fotos e o papo fluiu normalmente, até a hora de marcar um encontro. O homem sugeriu que Matheus fosse buscá-lo em casa, numa cidade vizinha, e depois passarem em um matagal abandonado no meio da estrada.
Achei que ele estava de brincadeira. Perguntei se poderíamos ir para um lugar mais neutro, como um bar, para conversarmos primeiro, e depois para um lugar mais aconchegante e seguro, como um motel, por exemplo. Mas então ele disse que se excitava com essa ideia de ir ao meio de um matagal e consumar o ato”, conta.
Desconfiado, Matheus nem cogitou a possibilidade de aceitar o convite e ainda falou poucas e boas para o sujeito. “Fiquei assustado. Não sou tão ingênuo a ponto de ir para um lugar abandonado e deserto com um homem que eu não conheço e por quem não tenho o mínimo de confiança, ainda mais para fazer sexo. Quem me garante que ele não ia me machucar, me espancar ou coisa pior?
‘Macho X Macho’ é broxante
Da mesma forma que o local sugerido para um primeiro encontro pode dar evidências das intenções da pessoa, as informações do perfil e as próprias fotos do usuário acabam servindo como um verdadeiro “processo seletivo”.
“Os perfis que me irritam são aqueles sem fotos de rosto, que começam a conversar com você mandando foto do pênis, da bunda, abdômen sem ao menos dizer ‘oi’”, diz Matheus, que prefere os que gostam de conversar primeiro.
Outro típico usuário dos apps que incomoda não apenas o Matheus, mas muita gente, é o do perfil ‘Macho x Macho’. “São perfis que intimidam sem você nem conversar. É ‘não curto afeminado, não curto morenos, brancos, magros, gordos, não curto isso e não curto aquilo. É totalmente desrespeitoso.”
Renan Lira concorda e ainda diz que curte perfis que sejam exatamente o contrário disso. “Gosto daqueles que trazem fotos interessantes, descrições chamativas e, acima de tudo, daqueles que fogem da heteronormatividade.”
A recomendação de Renan para quem ainda não deu uma chance para os aplicativos é que, se for tentar, evite entrar com preconceitos. “Sejam livres pra fazer o que quiserem, mas só encontrem a pessoa se tiverem certeza de é isso o que desejam.”

Matheus Loreiro
FONTE: IGAY
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