Vítimas de
agressões policiais, travestis e trans entraram no Quartel do Derby, nesta
quinta- feira (29), para um ato simbólico de aliança com a corporação.

Um evento que pode marcar uma mudança histórica foi
realizado, na tarde desta quinta-feira (29), na sede da Polícia Militar de
Pernambuco, no Quartel do Derby. Travestis e transexuais do Estado entregaram
ao coronel José Antônio da Silva, diretor da coordenadoria de Direitos Humanos
da PM, uma placa de reconhecimento aos trabalhos de sensibilização da
corporação em relação aos travestis e transexuais pernambucanos. Durante a
homenagem, o soldado Marcelo Viana dos Santos - que já havia assumido a
transexualidade na corporação - se emocionou.

No Dia Nacional de Visibilidade Trans, o encontro
foi precedido pela 2ª Marcha dos Transexuais e Travestis, que saiu do Parque
Amorim e seguiu em caminhada pela Avenida Agamenon Magalhães, até o Quartel do
Derby, área central do Recife. Dentro da casa militar, o sentimento estampado
nos rostos e declarações era de uma luta vencida contra o preconceito e a
violência de gênero, ainda tão recorrente no Estado.

“Eu que fui agredida, torturada, por ser transexual
e negra, agora poder estar aqui e ser também homenageada neste evento é de uma
emoção muito grande. Este momento é um marco”, disse Maria Clara de Sena,
integrante do Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (MEPCT-PE).
Presidente da Articulação de Movimento para Transexuais e Travestis de
Pernambuco (Amotrans-PE), Chopelly Santos disse que este momento vem sendo
construído desde julho do ano passado.

“Muito importante pra gente, porque sempre fomos
perseguidas e a discriminação ainda existe. Este gesto da Polícia nos faz
acreditar que os novos soldados que chegarem à corporação terão uma consciência
mais reflexiva em relação a nós”, torce a coordenadora do Amotrans. Cristiane
Falcão, primeira mulher transexual a ocupar um cargo público no Governo de Pernambuco,
disse que a aliança do movimento com a Polícia Militar é uma grande vitória
rumo à aceitação destas pessoas que ainda tanto sofrem com o preconceito.
“Ver meu povo
aqui dentro é muito emocionante”, diz policial transexual
Em 2010, Marcelo Viana dos Santos (foto à esquerda)
entrou para a Polícia Militar de Pernambuco. Escondeu a própria realidade,
durante um período, por medo da reação dos outros. Pouco tempo depois, com
ajuda de amizades que fez na corporação, deu entrada no novo documento de identidade,
com o nome atual. Esta quinta (29), para Marcelo, foi uma dos dias mais felizes
de toda a vida.

“Fiquei muito emocionado. Ver o comandante geral se
comprometer, ver meu povo aqui dentro do quartel, é muito emocionante. Isto é
um símbolo que serve para mostrar que a Polícia pode, sim, ser parceira da
sociedade, que está aí para ajudar a todos”, disse o soldado Dos Santos, ao
cumprimentar o coronel José Antônio da Silva.

Este último ressaltou a importância da ação
realizada pela Polícia Militar. “Isto entra para a história do nosso Estado.
Nenhuma violência contra os transexuais e travestis são toleradas pelo Comando
da Polícia Militar. Este ato visa a quebra do preconceito e mostra a isonomia e
igualdade do Estado perante todas as pessoas”, comentou o coronel.
Fonte: Leia Já.com
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