Após
ser condenado pela Justiça há seis anos a pagar uma indenização de R$ 2
mil por produzir um livro contra os homossexuais, o pastor Náurio
Martins França foi advertido pelo Centro de Referência em Direitos
Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia de Mato Grosso do Sul
(Centrho/MS), segundo publicação do Diário Oficial do Estado desta
sexta-feira (7).
Náurio deve comparecer em cinco dias para tomar ciência da
advertência do Centro. Após a decorrência, do prazo, penalidade será
arquivada. Em 2007, a Defensoria Pública de Campo Grande propôs uma ação
civil contra o pastor, autor do livro “A Maldição de Deus sobre o
Homossexual: o homossexual precisa conhecer a maldição divina que está
sobre ele”.
A sentença fora aplicada pelo juiz da Vara de Direitos Difusos
Coletivos e Individuais, Dorival Moreira dos Santos. O magistrado, que
no ano passado determinou a retirada dos livros das bancas, estabeleceu a
quantia indenizatória por entender que o pastor cometeu dano moral.
Ao propor a ação que proibiu o comércio do livro, a Defensoria
Pública sustentou que a publicação tinha “conteúdo declarado
preconceituoso homofóbico, transmite a ideia de que o homossexual é
amaldiçoado por Deus”. Homofobia é um termo utilizado para identificar o
ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais.
O pastor, que foi defendido por integrante da própria defensoria,
negou que sua obra estaria incitando a violência contra homossexuais,
mas sim tinha a intenção de convertê-los à religião evangélica. A defesa
do escritor sustentou ainda que ele, ao escrever o livro, exercera o
direito constitucional de liberdade de pensamento, opinião e religião.
Na decisão do juiz Dorival dos Santos, ele admite os direitos
constitucionais citado pelo pastor, contudo o magistrado cita outro
trecho da Constituição, que trata da igualdade e dignidade da pessoa
humana, e considera a discriminação intolerável.
O pastor, membro da Igreja Internacional da Graça, em Campo Grande,
teria mandado imprimir algo em torno de 600 livros. Trezentos exemplares
foram confiscados por determinação judicial; o resto, vendido nas
bancas.
No mesmo ano, um grupo formado por GLBTs (Gays, Lésbicas, Bissexuais e
Transgêneros) fez uma manifestação pacífica em frente da Igreja
Internacional da Graça, localizada na Avenida Afonso Pena, contra o
livro “A Maldição de Deus sobre o Homossexual”.
A presidente da ATMS (Associação de Travestis de Mato Grosso do Sul),
Cris Stephani, disse à época que o livro era “preconceituoso e incita a
prática de crimes contra homossexuais”.
Durante esse protesto, o grupo queimou uma réplica do livro e foram
colocadas 20 cruzes no canteiro central da Avenida Afonso Pena, em
alusão às 20 mortes de homossexuais ocorridas em 2 anos na Capital. Cris
Stephani destacou que o protesto pacífico foi realizado com intuito de
chamar a atenção da população, que “deve ser contra qualquer tipo de
homofobia”.
FONTE: MIDIAMAX.COM
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